Efeito Rumpilezz
Aláfia significa caminhos abertos e esses são os infinitos caminhos da Orquestra Rumpilezz do maestro Leitieres Leite, caminhos abertos inclusive para os deslocamentos, dentre tantos, o estético e político. Nessa orquestra nada está separado, corpo e alma, física e metafísicamente falando. Os componentes estéticos musicais da orquestra são visivelmente mestiços e antropofágicos no sentido mais radical que a antropofagia possa apresentar, o sentido evolutivo da transformação acrescentando ai soma, retribuição, libertação e inclusão. O prazer estampado em liguagem musical na orquestra e em seus componentes musicais “está na festa da composição para a qual contribui, não no narcisismo isolado da sua especial participação competitiva”(Amálio Pinheiro – PUC SP), a orquestra contribui com a cena musical brasileira em que música, dança e pensamento não se separam, onde é possível estar vivo, ativo de corpo inteiro. A Rumpilezz é celebração, devoção e libertação, põe o corpo e mente pra pensar e dançar, ela reluz em pensamento mestiço, onde possíveis áfricas em diáspora se encontram.
A Rumpilezz propõe reflexão ao seu estado Bahia enquanto marca publicitária e política enquanto discurso turístico, ela propõe sustentabilidade, ela propõe que se repensem as estratégias e os discursos miméticos, ela chama a atenção para o entorno, para o húmus que continua vivo ainda lá, traz em linguagem estético musical o check mate do em aberto, do democrático, do auto-sustentável e inclusivo, faz uso sincado do termo diversidade pois o utiliza em seu processo contributivo e educativo e não apenas em um processo ilustrativo e decorativo. A Rumpilezz dignifica, é matéria prima para o solo e não vassoura de bruxa, é uma força orgânica da natureza, por isso ela também se faz útil para o pensamento reflexivo de novas políticas culturais, discursos e comportamentos, é epicentro que pode ser referência viral para outras instâncias da sociedade causando deslocamentos. Esse talvez seja o “efeito Rumpilezz”.
(Paper escrito por Jurema Paes – professora doutora em história das culturas e cantora)
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